sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Bolas perdidas e outras "joselitagens"...112

Encomendei minha primeira prancha em 95. Como surfava direto em Saquarema, peguei uma 6´4´´ da Spirit, shapeada pelo Dardal, fininha, o bicho. Ficou pronta num sábado e depois de passar na River pra buscar, fui direto pro Arpex. O mar estava pequeno, razoavelmente cheio, mas nada que atrapalhasse a estréia. Entrei na água, já desci uma onda. Um moleque dropava enquanto eu voltava remando e como estava muito em cima, a prancha foi jogada pro alto mas veio na minha direção, só dando tempo de afundar. Quando voltei à tona, virei minha prancha rezando pra estar inteira e avistei um rasgo perto da borda. Pedi ao moleque pra sair da água e voltamos à loja, pra agilizar o conserto e depois de uma semana, já estava fazendo minha primeira session em Saquá.

PXE, CF. 97/98?

Alguns sábados depois no mesmo ano, fui surfar na Barra com dois amigos da faculdade. Chegamos cedo e encontramos altas ondas num pico praticamente vazio. Tava me dando bem, aproveitando aquela condição rara. Voltando pro outside, passei diante do Daniel, um dos amigos mais “joselitos” de todos os tempos, que começou a remar. Podia perceber que eu me encontrava no caminho dele e qualquer surfista em sã consciência nunca droparia aquela onda, já que a probabilidade de me atropelar seria grande. Só tive tempo de dizer “vai não, vai não!” e ver o moleque dropando, pra "vacar" praticamente em cima de mim. Senti um tranco na prancha, os estrepes se enrolaram e voltamos à tona. Quando comecei a remar, fui tocando levemente o fundo da prancha torcendo pra não encontrar nada, mas acabei achando o rastro deixados pela quilhas, de uma borda à outra. Saí muito bolado da água e ainda tentei fazer uns remendos com parafina pra aproveitar as boas ondas do dia, mas não deu certo e o jeito foi ficar na areia.

Daniel e PXE. Laboratório de fotografia da EBA. Fundão. 97/98.

Vinte anos depois, curtindo uma prainha no inverno carioca, avisto um trio e começo a primeira altinha do dia. Já havia jogado com todos anteriormente e sabia que tinha jogo ali, apesar das infinitas tentativas de levantar a bola durante uns 30 minutos. Um quinto elemento chegou e foi a deixa pra eu mergulhar e me dirigir a outra roda, onde só haviam 3. O ritmo era frenético e rendeu até que o primeiro saiu, mas continuamos enquanto o dono da bola não chegava. Outro amigo apareceu com uma Mikasa estalando de nova e na sequência, acertei 2 helicópteros (34 completos até agora). Ficamos em 3 de novo, mas já exausto, abandonei o jogo em direção à água. Quando voltava do mergulho, senti uma porrada forte na cabeça, mais precisamente em cima do ouvido esquerdo, que se dissipou. Acho que vi estrelas e numa fração de segundos, pensei em desabar na areia. Desisti da idéia e vi a uns 10 metros, o moleque que tinha lançado a bola e seu amigo bem perto, pedindo milhares de desculpas. Voltei correndo pra água, como se nada tivesse acontecido.

Saiu um helicóptero no 112, mas a bola só raspou na mão do amigo

 O jogo está cada vez mais rápido e radical, e quanto mais atento estamos, aumentamos a possibilidade de dar continuidade a jogadas impossíveis, mas ainda não evoluímos a ponto de interceptar bolas que não vemos. Um fato desses ocorre muuuuito de vez em quando e normalmente, os próprios jogadores de altinha são atingidos ou servem de tabela, cabeceando/devolvendo a bola sem saber. É claro que também sobra bola (ou areia) pros banhistas em situações que realmente fogem do controle, mas ainda assim, os riscos são mínimos.

 
 O 113 termina com meu "killercóptero"

Surfei direto de 92 a 2004 e apesar dos incidentes citados acima, nunca coloquei a vida de ninguém em risco. Durante os 28 anos de skate, não lembro de ter acertado uma canela ou qualquer parte do corpo que não fosse do meu. Voltei a jogar altinha em 2008 e infelizmente acertei um ou outro sem gravidade, algo que já deve ter acontecido a qualquer um que jogue em Ipanema. O lance mais "violento" de todos ocorreu no verão passado, quando mandei um helicóptero que resultou numa bola espirrada no jogador mais próximo, a pouquíssimos metros de distância. Apesar da velocidade e força alcançadas, a recuperação dele foi imediata. Só não deu pra escapar das risadas dos amigos!